Promessas da União Europeia revelam-se becos sem saída
Varsóvia – Existem países como a Polônia que, por muitos e diferentes motivos, são dominados por permanente exaltação de ânimo contra a Rússia. Em suas propostas para temas geopolíticos, na maioria das vezes encontra-se embutido o furor anti-Rússia.
Em 2009, o ministro de Relações Exteriores da Polônia, Radoslaw Sikorsky, apresentou a proposta de criação da Parceria Empresarial do Leste, com objetivo de expandir a União Européia (UE) a seis países da antiga União das Repúblicas Socialistas Soviéticas (URSS) – Armênia, Azerbaijão, Moldávia, Geórgia, Bielorússia e Ucrânia – a fim de excluí-los da influência russa.
A Reunião de Cúpula dos 28 líderes dos países-membros da UE, realizada em Riga, capital da Letônia, ostentou em sua agenda como tema básico a Parceria, sem, contudo, chegar a alguma conclusão essencial.
Na reunião de Riga, além dos 28 líderes dos países-membros da UE, compareceram o presidente da Armênia, Serj Sargasyan, o primeiro-ministro da Geórgia, Iraklí Garibashvilli, o presidente de Moldávia, Nicolae Timofti, enquanto ausentaram-se o presidente de Bielorússia, Alexandr Lukashenko, e o presidente de Azerbaijão, Ilham Aliyev, que enviaram para representá-los seus respectivos ministros de Relações Exteriores.
Os temas da agenda que foram discutidos referiam-se à desescalada de tensão na Ucrânia, à região de Nagorno-Karabach e à situação na Abkházia e Ossetia do Sul. No final da reunião, com extrema dificuldade concluíram em comunicado comum, porque tanto a Armênia quanto a Bielorússia discordaram da inclusão da frase “anexação de Criméia pela Rússia”.
Anotem que a reunião de cúpula anterior sobre este tema, realizada em Vilnius, Lituânia, em novembro de 2013, foi particularmente repleta de episódios, porque o então presidente da Ucrânia, Vaktro Yanukowits, recusou-se – apesar das fortes pressões – a assinar o acordo da União Européia (UE), e isto constituiu o motivo de eclosão de forte insurgência na praça central de Kiev.
Ponto de referência
O acordo, obviamente, foi assinado meio ano depois por outro presidente, tendo perdido a Criméia e em meio a fortes conflitos de guerra nas regiões do leste do país. Entre as duas reuniões de cúpula, acordos com a UE assinaram os mais pobres países entre os seis, a Geórgia e a Moldávia, os quais mantêm pendentes questões de disputas territoriais.
A Armênia e a Bielorússia já participam da União Econômica Euroasiática, junto com a Rússia, enquanto o Azerbaijão declara em qualquer oportunidade que não tem o menor interesse em assinar acordo para sua integração à União Européia.
Desde o início, reservas sobre este plano haviam manifestado a Alemanha, a França e a Itália, os quais, em continuação, foram – de alguma forma – “convencidos”, enquanto calorosamente Suécia e Polônia apoiaram. Os representantes da UE, ultimamente e em qualquer oportunidade, declaram que “a Parceria Empresarial do Leste não caracteriza-se por orientação anti-Rússia” e insistem que, para o sucesso do plano, são indispensáveis as relações de amizade com o governo de Moscou, considerando que estes países mantêm prolongadas e multilaterais relações com a Rússia.
Mas já é muito tarde, considerando que metade dos países propostos não desejam sua integração neste plano, enquanto a outra metade que concordou tem muitos e difíceis problemas sem solução. O governo de Moscou considera que este plano tem – desde o seu nascimento – orientação anti-Rússia e que as zonas de livre comércio propostas entre esses países e a UE, envolvem sérios riscos para sua economia e suas relações com os países situados em seu entorno mais próximo.
Visto abolido
Um dos temas que desejam solucionar Geórgia, Ucrânia e Moldávia era a abolição do visto e o livre acesso de seus habitantes aos demais países da UE. Mas somente para os habitantes de Moldávia foi decidida flexibilização na questão do visto. Grande foi a decepção dos representantes da Ucrânia e da Geórgia por causa desta decisão. Contudo, a Comissão Européia – órgão executivo da UE – prometeu que reexaminará a questão até o final deste ano.
Mas não comentou nada, a não ser algumas promessas indefinidas sobre a futura integração dos três países à UE, apesar dos apelos, particularmente, do presidente da Ucrânia, Petro Poroshenko para confirmação da integração dos três países. Decidiu-se apenas o financiamento à Ucrânia no total de 1,8 bilhão de euros em três prestações, volume de recursos particularmente pequeno para um país com sua infra-estrutura e produção destruídas.
Assim, por mais uma vez, comprova-se que os acordos internacionais de países que não estão apoiados sobre reais necessidades, mas têm como objetivo a imposição e a representatividade, cedo ou tarde resultam em beco sem saída, e o preço a ser pago é excessivamente caro, a exemplo daquele que pagou e paga ainda, no caso a Ucrânia.
Alex Corsini
Sucursal da União Européia.
(Fonte portal monitor mercantil)