Beirute, 24 abr (Prensa Latina) Armênios libaneses voltaram a reclamar a Turquia que reconheça o genocídio cometido contra seu povo, faz hoje 101 anos, e cessar o que consideraram apoio ao Azerbaijão em seu terrorismo contra a região de Nagorno Karabaj.
Ao luto e o fechamento dos negócios no bairro de Burj Hammoud, principal núcleo urbano da comunidade cristã-ortodoxa armênia do Líbano, somaram-se ofícios religiosos e marchas de jovens pela data, ainda que sem a ressonância do centenário comemorado mundialmente em 2015. Com consigna-a invariável de “não esquecemos e demandamos”, pessoas desse coletivo se concentraram em imediações da embaixada da Turquia no distrito de Rabieh para exigir que Ancara reconheça como genocídio a matança de 1,5 milhões de armênios a mãos do império Otomano. Como parte das atividades e mobilizações convocadas por partidos políticos armênios do país, manifestantes exigiram ontem à noite ao governo do presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, que “cesse seu envolvimento e apoio para o Azerbaijão em seu terrorismo contra a região de (Nagorno) Karabaj” A caminhada vespertina do sábado se estendeu até o bairro de Antelias onde se localiza a sede do “Catholicós” da Santa Sede de Cilicia (antigo reino da Armênia ocidental), que surgiu em Sis em 1293, foi destruída durante o genocídio em 1915 e reconstruída em Beirute em 1930. Uma missa “em tributo das almas dos mártires do genocídio” outorgou um caráter mais espiritual à reivindicação a mais de 150 mil armênios que se estima há neste país, dos que 50 mil arraigam no bairro Burj Hammoud. Como faz um ano, essa comunidade nascida de um campo de refugiados ficou hoje órfão de seu habitual alvoroço e vida comercial, sua população armênia se recolheu em rigoroso duelo e pendurou chamativos cartazes alegóricos. Ali chegaram em 1915 quem fugiram da matança e ainda hoje se leem cartazes em árabe, armênio e inglês nos que reza: “Levante pela justiça, basta de negar o genocídio. Recordamos e exigimos”, todos acompanhados da flor violeta Não me Esqueça. Segundo explicou um idoso a Prensa Latina, a cor violeta da flor é similar ao predominante na indumentária dos sacerdotes da igreja apostólica armênia, e suas cinco pétalas simbolizam os continentes onde os armênios acharam refúgio do genocídio, sobretudo em Síria e O Líbano. Historiadores e descendentes das vítimas tomam esta data como início do genocídio porque foi quando começaram a maioria de detenções da intelectualidade armênia que depois foi assassinada e a partir de então se executou um plano de expulsão e desalojo. Os desertos da Síria e O Líbano foram lugares de acolhida dessa comunidade que começou do zero sem abandonar, ainda hoje, a dor pelo indulto que o fundador da Turquia moderna, Mustafá Kemal Ataturk, concedeu aos genocidas condenados, uma postura defendida pelo atual Governo turco. Depois da independência em 1943, O Líbano concedeu a nacionalidade aos antigos refugiados armênios porque ajudaram a reforçar à comunidade cristã frente à muçulmana. rc/ucl/cc |
(Fonte portal prensalatina.com.br)