Talvez o testemunho mais surpreendente sobre o genocídio armênio foi contado por Demos Shakarian (1913–1993), que era um empresário cristão americano de origem armênia, com sede em Los Angeles, e que fundou a Associação de Homens de Negócio do Evangelho Pleno (conhecida pela sigla ADHONEP).
Demos recebeu o nome de seu avô, que deixou a Armênia para ir para os EUA devido à profecia de 1855 de Efim Gerasemovitch Klubniken, o “Menino Profeta” russo, de que uma tragédia terrível estava para sobrevir logo a Armênia. Seu avô e Efim eram parte de um grupo maior de armênios cristãos pentecostais que se mudaram para Los Angeles antes do Avivamento da Rua Azusa.
A família de Efim era russa e eles foram os primeiros pentecostais russos a se mudar para a Armênia. Desde sua infância, Efim havia mostrado um dom para oração, frequentemente fazendo longos jejuns, orando o tempo inteiro.
Na década de 1850, quando o não-alfabetizado Efim tinha nove anos de idade, ele havia ouvido o Senhor o chamando de novo para uma de suas vigílias de oração. Desta vez ele persistiu por sete dias e noites, e durante esse tempo ele recebeu uma visão.
Mas o que Efim conseguiu fazer durante os sete dias não era fácil de explicar.
Efim não sabia ler nem escrever. Contudo, enquanto ele estava sentado em seu casebre, ele viu diante de si uma visão de gráficos e uma mensagem numa bela escrita à mão. Efim pediu caneta e papel. E por sete dias sentado na mesa de madeira bruta onde sua família comia, ele copiou, com muito trabalho, o formato das letras e diagramas que passaram diante de seus olhos.
Quando ele terminou, o manuscrito foi levado para pessoas na vila que sabiam ler. A conclusão foi que esse menino não-alfabetizado havia escrito em caracteres russos uma série de instruções e avisos. Em algum ponto específico do futuro, o menino escreveu, todos os cristãos na Armênia estariam em perigo terrível. Ele predisse um tempo de tragédia indescritível para a Armênia, quando centenas de milhares de homens, mulheres e crianças seriam brutalmente assassinados. Chegaria o tempo, ele alertou, em que todos na região deveriam fugir. Eles deveriam ir para uma terra do outro lado do mar.
Embora ele nunca tivesse visto um livro de geografia, o Menino Profeta desenhou um mapa para onde exatamente os cristãos em fuga deveriam ir. Para o espanto dos adultos, ele desenhou o Oceano Atlântico! Não havia dúvida sobre isso, nem sobre a identidade da terra do outro lado: o mapa claramente indicava a costa leste dos Estados Unidos da América.
Eles escolheram Los Angeles, onde muitos russos pentecostais se estabeleceram, antes do Avivamento da Rua Azusa. Ali, o menino escreveu, Deus os abençoaria e prosperaria, e faria com que sua semente fosse bênção para as nações.
Muitos cristãos armênios não estavam convencidos de que a mensagem profética era genuína.
E então, um pouco depois da virada do século, Efim anunciou que o tempo estava próximo para o cumprimento das palavras que ele havia escrito quase cinquenta anos antes. Ele disse: “Temos de fugir para os EUA. Todos os que ficarem aqui perecerão.”
Famílias pentecostais armênias empacotaram tudo e deixaram as propriedades que haviam sido as posses de seus ancestrais desde a antiguidade. Efim e sua família foram os primeiros a ir. Enquanto cada grupo de pentecostais deixava a Armênia, eles eram zombados pelos que ficaram para trás. Os céticos e descrentes — inclusive muitos cristãos — se recusaram a acreditar que Deus daria instruções precisas para as pessoas de hoje.
Mas as instruções se comprovaram corretas. Em 1914 um período de horror inimaginável chegou à Armênia. Com eficiência desumana, os turcos começaram o empreendimento sanguinário de expulsar dois terços da população armênia para o deserto da Mesopotâmia. Mais de um milhão de homens, mulheres e crianças morreram nessas marchas da morte. Outro meio milhão foi massacrado em suas vilas, num pogrom que mais tarde deu a Hitler o modelo para exterminar os judeus. “O mundo não interveio quando os turcos exterminaram os armênios,” Hitler lembrou aos seus seguidores. “Não intervirá agora.”
Os poucos armênios que conseguiram escapar das áreas cercadas trouxeram consigo relatos de grande heroísmo. Eles relataram que os turcos às vezes davam aos cristãos uma oportunidade de negar sua fé em troca de suas vidas. O procedimento favorito era trancar um grupo de cristãos num celeiro e então incendiá-lo: “Se vocês quiserem aceitar Maomé no lugar de Cristo, abriremos as portas.” Frequentemente, os cristãos escolhiam morrer, cantando hinos de louvor enquanto as chamas os envolviam.
Há aqueles hoje, principalmente muçulmanos e turcos, que negam o genocídio armênio, assim como eles negam que a Alemanha nazista cometeu um Holocausto contra os judeus. E há também os que negam que Deus fala e avisa hoje por meio de profecias, visões e revelações.
No entanto, aqueles que deram atenção à profecia do menino russo foram para Los Angeles, EUA, e foram salvos. (Fonte adventismoemfoco.wordpress.com)